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29.8.05

Quero

não quero falar dos medos
dos segredos que guardei
nem quero falar da saudade
da verdade que contei
não quero mostrar a alma
a calma que não encontrei
nem quero abrir meu coração
e a razão eu não sei
quero ser, minha poesia,
a alegria que inventei

24.8.05

Rotina

Casa marido filhos trabalho
trabalho casa marido filhos
filhos trabalho casa marido
marido filhos trabalho casa
e assim por diante....adiante!!!

10.8.05

Naufrágio

Olhei em volta e nada vi
Além de um surdo silêncio
Calei a voz e não senti
Soprei as velas ao vento
Vaguei pelos mares, soçobrei
Sonhei com salões e valsas
Subi a escadas declives
Da vida que se encurvava
Vasculhei verdes florestas
Sonhando pusar na flores
Passando como o sol em frestas
Divdindo o céu em cores
Velejei numa jangada
Que jogou-me nos rochedos
Gorjeou toda gente uma vaia
E assim, como um caranguejo
Vim morrer na praia

2.8.05

Restos

Resta-me apenas o resto
Casto ou incesto
Destro ou desonesto
Resta-me o que detesto
Tudo o que é destoante
Estas odes hilariantes
E os discursos redundantes
Resta-me o que restava antes
Uma poemática empoeirada
Uma pragmática ultrapassada
De uma política estagnada
Resta-me (quase) nada